É, meus caros, o que não falta na vida das madrastas é desafio. Se por um lado existe um dia para comemorar a existência dessa figura familiar, afeto e entendimento entre madrastas e enteados. Por outro, há o desafio de dar suporte emocional ao marido e aos enteados em casos dessa natureza. Mas vamos esclarecer esse assunto.
O que é a Síndrome de Alienação Parental ou SAP?
“Síndrome de Alienação Parental (SAP), também conhecida pela sigla em inglês PAS, é o termo proposto por Richard Gardner [3] em 1985 para a situação em que a mãe ou o pai de uma criança a treina para romper os laços afetivos com o outro genitor, criando fortes sentimentos de ansiedade e temor em relação ao outro genitor.
Os casos mais frequentes desta síndrome estão associados a situações onde a ruptura da vida conjugal gera, em um dos genitores, uma tendência vingativa muito grande. Quando este não consegue elaborar adequadamente o luto da separação, desencadeia um processo de destruição, vingança, desmoralização e descrédito do ex-cônjuge. Neste processo vingativo, o filho é utilizado como instrumento da agressividade direcionada ao parceiro. “
OBS: Texto retirado do site Síndrome de Alienação Parental.
Por experiência, podemos dizer que alienação parental é uma das formas mais cruéis de agir com uma criança. A coisa tomou proporções tão grandes que, de uns anos pra cá, foi aprovada uma lei de combate à prática. Veja aqui.
Alienação pode ser cometida por pai ou mãe, mas o número de mães alienadoras ainda parece maior que o contrário. Isso deve-se muito ao fato de tradicionalmente as mães ficarem com a guarda dos filhos após o término do relacionamento, principalmente se o ex-casal nunca dividiu o mesmo teto.
Se você é madrasta e percebe que seu marido e enteado são vítimas dessa prática, algumas dicas podem te ajudar:
1 – Situações:
1.1 – Seu marido separou-se da ex e decidiram não legalizar o pagamento de pensão alimentícia pois, segundos eles, não precisa envolver a justiça no assunto?
…CUIDADO! Muitas mulheres mal intencionadas usam isso em juízo após algum tempo pra dizer que o pai nunca pagou pensão.
Pode acontecer também da mãe da criança estar ressentida com o ex de alguma forma e passar a recusar o dinheiro da pensão por achar que pode condicionar a convivência entre pai e filho ao provimento do sustento. NÃO, ela não pode fazer isso.
1.2 – Seu marido não tem o tempo de convivência regulamentado por um juiz pelo mesmo motivo citado no caso acima e volta e meia a ex decide que ele não vai ver o filho?
…Avise-o de que está sendo vítima de alienação parental. A criança tem direito a convivência sadia e sem interferência com ambos os genitores.
1.3 – Seu enteado, de uma hora para outra, passou a rejeitar a convivência com o pai, você e demais membros da família?
…Observe! Se outros sinais de alienação já foram detectados, este pode pode indicar mais um deles.
2 – Coisas que mães alienadoras costumam fazer:
2.1 – Evitar a todo custo que a convivência e o sustento da criança sejam regularizados em juízo:
Este tipo de prática dá a sensação de controle sobre a situação. O alienador acha que pode decidir quando e como será a convivência entre a criança e o outro genitor.
2.2 – Criam na criança a falsa impressão de que ela depende somente da mãe para ser cuidada e amparada:
Algumas mães chegam a dizer que só estará tudo bem se a criança estiver com ela em casa.
2.3 – Gerar culpa na criança:
Mães alienadoras também podem estar dizendo aos filhos que se eles estiverem felizes na companhia do pai e de sua família, caracteriza uma traição da criança com a mãe.
2.4 – Inventar falsas lembranças:
Dizer que o pai e sua família são pessoas ruins, que fazem mal a criança e que são perigosas criam nela uma sensação de medo e insegurança na companhia do pai.
2.5 – Omitir e mentir sobre fatos importantes da vida da criança como: informações médicas e escolares.
3 – O que fazer:
Acabou o relacionamento? Existem filhos? Então vamos regulamentar tudo!
Lembre-se de que regulamentar em juízo não é brigar. Trata-se de defender e garantir direito e deveres de ambos os pais e principalmente o melhor interesse da criança.
Se a mãe recusa-se a regulamentar, não é preciso esperar por ela. O pai pode dar os primeiros passos:
3.1 – Através de um advogado particular ou defensor público, dê entrada na regulamentação de visitas e oferecimento de alimentos. Peça tutela antecipada com pernoite. Se concedido, isso quer dizer que antes do fim do processo a criança poderá passar ao menos finais de semana alternados na companhia do pai, independente do que a mãe quer.
3.2 – Tenha em sua casa um quarto ou espaço destinado a receber a criança nos períodos de convivência, com uma cama, roupas e brinquedos. Fotografe tudo e guarde para o caso de precisar usar, pois algumas mães alegam que não deixam seus filhos ficarem com o pai porquê não há espaço adequado para a criança.
3.3 – Durante os finais de semana em que estiver com a criança, fotografe os passeios e os momentos em família. Pode parecer bizarro, mas tem mães que inventam que as crianças não gostam de ficar com os pais e elas “apenas” respeitam isso e não permitem que eles fiquem de fato com o pai.
3.4 – Procure a escola da criança, informe a situação e peça que que você seja informado sobre o seu desenvolvimento escolar. A escola tem obrigação de te manter informado sobre o seu filho. Se tiver oportunidade vá também a consultas médicas periódicas para inteirar-se da saúde da criança e tenha com você uma cópia atualizada da carteira de vacinação.
4 – Como ajudar a criança a lidar com a situação:
4.1 – Compre e leia com ela o livro Tenho duas casas, que ajuda a explicar às crianças de forma lúdica os modelos de família. Aqui contamos nossa experiência íntima com esta leitura.
4.2 – Nunca fale mal da mãe. Isso é muito importante pois do outro lado estará uma pessoa amargurada e cruel tendo este comportamento a seu respeito e pode acreditar, a criança estará muito triste com isso. Não reforce essa maldade repetindo o comportamento do alienador. Sempre diga a verdade respeitando a faixa etária e compreensão intelectual da criança. Mesmo que a mãe esteja sendo uma bruxa, você não precisa e não deve fragilizar ainda mais a criança entrando nesse jogo.
Imagem sobre o que NÃO se deve fazer.
4.3 – A casa de vocês não é casa da mãe joana onde pode-se fazer tudo. Eduque, é necessário. Mas permita sempre que a criança desfrute de momentos de lazer e felicidade ao lado de vocês. Façam alguma receita juntos, envolva a criança na rotina da casa, ela se sentirá amada e acolhida, coisa que estará precisando muito nesse momento.
5 – Como lidar com a ex:
5.1 – Madrastas
5.1.1- Não aceite provocações. Se nunca se falaram, não vai ser agora que o caldo entornou que é o melhor momento para começar. Limite-se a acompanhar seu marido quando ele for buscar ou levar o filho, se você estiver a vontade com isso, é claro.
5.1.2 – Não intervenha na conversa dos pais. O que precisar falar ao seu marido, fale em particular.
5.1.3 – Aconselhe, mas não jogue lenha na fogueira. As coisas, às vezes, já estão tensas demais. Ajude a resolver no lugar de complicar.
5.2 – Pais
5.2.1 – Não aceite chantagens da ex.
5.2.2 – Não, ela não pode te proibir de ver seu filho se você tiver uma namorada ou tiver se casado.
5.2.3 – Não, ela não pode determinar os locais e programas que você fará com o seu filho.
5.2.4 – Ela não pode recusar a pensão para condicionar a convivência entre você e seu filho.
5.2.5 – Se estiver ciente da alienação parental, deixe claro a ela que sabe o que ela está fazendo e que não vai aceitar que isso aconteça;
5.2.6 – Não se envolva em barracos, principalmente na frente do seu filho. Mesmo que seja difícil (e nós sabemos que é). Mantenha a maturidade, controle a raiva e vá embora se a ex começar o escândalo.
5.2.7 – Estabeleça comunicação por e-mail. É uma forma de ter tudo documentado. Muitas mães falam e fazem coisas que depois negam pelo simples fato de ser a palavra do pai contra a da mãe. Esteja preparado para isso;
5.2.8 – Seja forte e nunca desista do seu filho. Mesmo que tudo esteja nebuloso, mesmo que as injustiças estejam acabando com as suas esperanças e forças. Lute pelo seu filho, ele precisa de você, principalmente, neste momento.
Considerações finais
A alienação parental é muito difícil de compreender por quem não a enfrenta e muitas vezes só acompanha de fora. As pessoas acham que o pai briga por nada, que deveria “deixar pra lá”, deixar que a criança cresça e “veja a verdade”, mesmo que isso signifique a morte do convívio e do vínculo. Não dê ouvidos a isso, siga em frente.
Muitas pessoas próximas perguntam sobre o andamento de situações como esta, não por curiosidade mórbida, mas porque são pessoas que gostam de vocês. O problema acontece quando você informa, divide com outro a situação e ouve frases como as que citamos acima. Se isso acontecer com vocês constantemente, reservem-se. Guardem as energias para o caminho que vocês tem a frente. Vocês não precisam convencer ninguém de nada. Escolha somente as batalhas importantes para resolver o problema, todo o resto pode esperar.
Por aqui esfarelou-se a paciência em manter as pessoas informadas e ouvir coisas desse tipo. Hoje digo apenas que está tudo bem. Mesmo que não esteja, pois já é cansativo demais lidar com a alienação parental e torna-se ainda pior quando as pessoas insistem em minimizar um problema que não tem nada de pequeno. Só quem sabe o que vocês enfrentam de fato são vocês. Se as pessoas insistem em não entender e ainda questionam, diga que está tudo bem e mude o assunto. A vontade de mandar a muitos lugares feios é grande, eu sei, de dar uma voadora também (risos), mas não vale a pena.
Madrastas, apoiem seus maridos e enteados se estiverem nesse momento difícil. Você também é vítima desse problema, eu sei, mas seja forte por você e pela sua família. Devido a tanto problema e fragilidade pode ser difícil para seu marido ver saídas e soluções com clareza. Tente ser a pessoa que vai olhar a situação com calma e tentar indicar o melhor caminho. Às vezes basta uma palavra de consolo, uma ajuda em uma busca de informação ou mesmo um sacolejão quando for necessário. É um grande desafio para todos na família, mas é possível. Juntos, vocês são mais fortes!
Não somos experts no assunto, muito menos advogados, falamos baseados nas nossas experiências no tema que parecem longe de acabar. Procurem ajuda, pois existem muitas famílias vivendo o mesmo que vocês. Se sentiu falta de algum ponto que não citamos, pergunte nos comentários. Se estivermos a par, responderemos.
Fica a dica!